segunda-feira, 15 de julho de 2013

Apresentação


O presente blog foi apresentado como conclusão parcial da disciplina Teorias da Linguagem, ministrada pelas profas. dras. Raquel Ko Freitag e Mariléia Reis, do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e tem por objetivo analisar o fime Matrix à luz das Teorias da Linguagem.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Morfeu




Num estudo sobre a trilogia de Matrix (1999), Mark Passio (2013), explica que Morfeu (Morpheus), vivido pelo ator Laurence Fishburne, é o comandante de um grupo de guerreiros que lutam contra a dominação do sistema de controle. Morfeu representa o conhecimento, a inteligência, a verdade, os pensamentos, que é um dos domínios da linguagem segundo a hipótese Sapir-Whorf. Suas ações no enredo do filme, transmitem a noção de que o conhecimento e os pensamentos livres do aprisionamento da linguagem podem levar ao conhecimento da verdade das coisas. A verdade aqui é colocada como enxergar as coisas como elas realmente são, para, a partir daí, imputarmos nossa ação.

Para Passio (2013) há uma alusão ao deus Morfeu, da mitologia grega, tido como deus dos sonhos. O deus que molda os sonhos. De fato, o filme começa com Neo acordando de um sonho sobre a Matrix.

Thomas Anderson / Neo



Thomas Anderson, conhecido pelo nickname Neo, vivido pelo ator Keanu Reeves, percorre um longo caminho de mudança em suas emoções, pensamentos e ações, desde suas práticas como hacker, de onde ele adquire o nome Neo, até se tornar “o escolhido”, passando pela condição de funcionário estável de uma grande empresa. Na análise de Passio (2013), Neo representa a coragem, o desejo, o destino, a ação e a mudança social. De acordo com Calvet (2002), os estudos da Sociolinguística identificam variações linguísticas e sociais no âmbito da língua, sendo que elas compõem uma relação biunívoca, ou seja, são interdependentes. No contexto em que se apresenta como hacker, Neo assume uma identidade cultural (Hall, 1997) que impõe a utilização de uma linguagem diferente daquela que ele faz uso quando está em seu ambiente de trabalho. De acordo com Bakhtin (1997) e Lyons (1981), o falante faz a seleção linguística de acordo com a situação e da sua relação com os interlocutores. Neo simboliza o desejo de conhecer o desconhecido, a vontade de agir sobre sua própria realidade. Num sentido mais amplo, Neo também vai personificar os controlados, que pode fazer alusão aos trabalhadores, numa visão Marxista; aos colonizados, numa visão pós-colonialista; ou aos falantes de uma variantes não-padrão, numa visão sociolinguística; enfim a qualquer instância inferior de poder.

Trinity



Trinity, a mulher vivida pela atriz Carrie-Anne Moss, de acordo com Passio (2012), personifica o amor, a paixão, o coração e as emoções.  Ela é responsável direta pela união entre o conhecimento da verdade (Morfeu) e a mudança social (Neo), formando com eles uma trindade (Trinity). No que diz respeito a linguagem, os estados de emoção ou estresse podem descortinar a linguagem do policiamento social e individual que sempre sofre.

Agente Smith



O Agente Smith, vivido pelo ator Hugo Weaving, segundo Passio (2013) representa a materialização do controle. Ele personifica uma espécie de contensão exercida sobre aqueles que de alguma forma querem se rebelar contra a Matrix ou contra o status quo das relações de poder. Por isso, Morfeu e seus aliados tornam-se inimigos, pois o avanço de seus conhecimentos ações podem minar o funcionamento do sistema. É fácil reconhecer aí discussões sobre a relação entre gramática normativa e outras gramáticas; entre variantes linguísticas; entre nações e seus idiomas; entre capitalistas e classe trabalhadora. Cada uma tem o seu Agente Smith, ou seja, tem sua forma de constranger, inibir e controlar os demais, mantendo-os em suas posições.

Oráculo



Gloria Foster interpreta o Oráculo (The Oracle). Trata-se de uma mulher, negra, dona de casa, simples que tem o poder de prever o futuro. Na relação com Neo, o Oráculo enfatiza a necessidade de ele conhecer a si mesmo. Por uma perspectiva linguística, podemos trazer a premissa chomskyana de que é mais importante investigar os processos internos que geram as sentenças. Chomsky (1975) imprimiu a sua teoria um sentido mentalista, na medida em que tem como objetivo descobrir uma realidade mental subjacente ao comportamento efetivo. Em Aspectos da teoria da sintaxe, ele se interessa por um conjunto de regras sintáticas presentes em nosso domínio cognitivo que nos permitem construir as sentenças adequadamente.
O Oráculo, nesse sentido vai ser uma alegoria para a teoria linguística que, a partir de seus estudos, pode prever o futuro, prever o encaminhamento do sistema linguístico ou do sistema de controle. Por um viés Marxista o Oráculo também pode ser visto como a teoria, que, a partir da análise social vai dizer quais caminhos para vencer o domínio social sobre os trabalhadores.