Cypher, interpretado pelo ator Joe Pantoliano, é um membro
da equipe de Morfeu que, cansado da luta entre homens e máquinas, revela estar
cansado de viver no mundo real e quer voltar a viver no mundo ilusório das
máquinas. Cypher conhece a verdade das coisas, mas acha o fardo de lutar contra
o sistema de controle muito pesado para ele. Ele chega a se perguntar: “por que
não tomei a pílula azul?”. O conhecimento e engajamento em busca da verdade
estão simbolizados em duas pílulas oferecidas por Morfeu. A pílula vermelha
significa conhecer a verdade e se engajar na mudança social. A ignorância ou
indiferença com a verdade e o alinhamento com o sistema de controle está
simbolizada numa pílula azul. Neo e todos os membros da equipe de Morfeu
tomaram a pílula vermelha. Enquanto alegoria, podemos analisar essas cores por
diversas perspectivas. Na relação político-partidária, o azul é a direita e o
vermelho, a esquerda. O azul é capitalismo, o vermelho, marxismo. Na ação
docente o azul significa o certo, o que está dentro do esperado, o que é bom; o
vermelho simboliza o errado, o que está fora do padrão, o que tem que ser
melhorado, o que está abaixo.
Sob a promessa de uma
vida de regalias na Matrix, Cypher decide sabotar sua equipe e entregar Morfeu
aos agentes da Matrix. A presença de Cypher na trama do filme faz emergir
discussões sobre o papel do professor. Muitos professores sabem de seu papel
como seres políticos, com agentes de mudança. Muitos (para não dizer todos)
sabem que ensinar somente a gramática não é suficiente para uma transformação
social. Mesmo assim, preferem a comodidade de limitar sua atuação docente ao
trivial. Por vezes, até se opõem a qualquer um que tente ir de encontro a esse
estado de coisas.
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