Por se tratar de um filme de ficção científica, Matrix, traz
muitas questões latentes, passíveis de análises pelo viés das teorias da
linguagem, referentes ao âmbito da linguística, bem como por aspectos sociais.
Um ponto a ser destacado vislumbra o aspecto social, mais especificamente
quando se refere à comunidade e prática, em que o protagonista do filme, Thomas
Anderson, apelidado de Neo, que além de ser programador de computadores é um
hacker que se refere a um programador que invade e sabota sistemas alheios
ilegalmente. Assim, possui uma vida cotidiana aparentemente normal, mesmo se
tratando de uma função com manuseio de computadores de forma ilícita com fins
lucrativos.
No entanto, nota-se uma quebra na linearidade
comportamental, quando o mesmo é abordado por uma estranha, a Trinity, que o
deixa confuso com um enigma, “siga o coelho branco” e o leva até Morpheus, que
acredita ter o destino diferente preparado para Neo enfrentar instruindo-lhe de
como deveria seguir. Portanto, Neo, é posto em outro ambiente, exercendo outras
funções este, as absorve e modifica, não somente seu comportamento frente à
realidade distinta que se encontrava como também a sua linguagem, incluindo o
uso de roupas e a maneira de agir. Tal postura pode ser justificada pela
abordagem realizada pelo funcionalismo, o qual pretende descrever a linguagem
não como um fim em si mesma, mas como requisito pragmático da interação verbal.
Percebe-se, portanto, uma nítida relação entre linguagem e uso em seu contexto
social. É possível verificar que a cada ambiente em que é submetido, o ser age
de forma distinta, para que atenda a demanda que o impulsiona.
Tais perspectivas comportamentais de Neo são notórias, enquanto
sujeito comum na função de programador de computadores e hacker vestia-se
casualmente. Mas, após a mudança de ambiente na qual ele muda de realidade e de
postura social, quando ele passa a internalizar a ideia de ser “o escolhido”,
muda radicalmente, suas roupas passam ser mais formais, seu modo de ver as
coisas ao seu redor, o ar de superioridade é nítido, enfim, todos esses pontos
sociais de alguém que passou ser um “superior”.
Essa postura adotada por Neo permite fazer um diálogo com o que a teoria da sociolinguística analisa as relações entre língua e sociedade, bem como às influências culturais na conduta do ser humano. Pois, a mesma propõe um estudo voltado ao uso da língua em meio a comunidade investigando aspectos sociais e linguísticos.
ResponderExcluirPor assim, pode-se considerar que o fator social determina as ações do sujeito e não o contrário é o social que nos influencia. Esse pensamento advém do relativismo, uma teoria da corrente linguística, que aborda ser a linguagem modelada pela cultura e por sua vez, o pensamento é determinado pela linguagem. Deve-se analisar a linguagem como um fator que determina o modo que os seres enxergam as coisas ao redor e de se relacionar, ou seja, a língua é fator de identificação cultural, como aponta Maria Helena, “... a linguística e a cultural, resultam da interação das capacidades cognitivas e emocionais do homem e das orientações comportamentais que lhe são transmitidas pelo contexto social”.
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